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Média móvel de casos de coronavírus em queda: o que isso significa?

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Desde a segunda quinzena de julho, o Observatório de Informações em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que reúne conteúdo estatístico sobre o avanço da doença na cidade, na região, no Estado e no Brasil, tem divulgado, diariamente, um indicador que permite um monitoramento do avanço do novo coronavírus na cidade: a média móvel.  

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Ela é um indicador usado por especialistas e vários veículos de comunicação nacional e internacional, no qual é possível acompanhar as variações diárias e monitorar o avanço do vírus. A variação dessa média ao longo dos dias ajuda a compreender melhor o comportamento da Covid-19.

Há cerca de 10 dias, a média móvel de casos diários de casos confirmados de coronavírus está registrando queda em Santa Maria. No entanto, conforme os especialistas, tudo indica que se trata de um fenômeno cíclico, e que não devemos relaxar nos cuidados e medidas de prevenção.

- Se tu olhas o gráfico, a gente começa a ter picos e quedas a cada duas ou três semanas. A média móvel sobe e depois cai de novo. A gente pode estar apenas passando por um momento que é de ciclo, não significa que tenhamos uma redução permanente no número de casos novos. A regra geral é esperar duas vezes mais do que o tempo de incubação. Então teríamos que ter uns 28 dias de queda constante para estar bem, e não é isso que acontece. O mais lógico e o mais prudente, é a gente pensar que estamos em uma depressão entre os dois picos - explica o médico epidemiologista Marcos Lobato, coordenador do Centro de Referência Municipal de Covid-19.

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Isso ocorre, de acordo com o especialista, quando há, por exemplo, o esgotamento de algum subgrupo da população. Quando se esgotam os casos suscetíveis em determinado local (bairro, instituição de saúde, ambiente de trabalho), mas o vírus migra para outro local, gerando um novo crescimento de casos, como se fossem pequenos surtos dentro da epidemia.

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Fonte: Observatório de Informações em Saúde da UFSM 
A média móvel é um indicador usado para acompanhar as variações diárias e monitorar o avanço do vírus nos municípios, estados e no país. A variação dessa média ao longo dos dias ajuda a compreender melhor o comportamento da Covid-19. O gráfico abaixo mostra o número de casos diários em Santa Maria até 6 de agosto, e a linha vermelha mostra a média móvel dos últimos sete dias. O cálculo é feito somando-se o número de casos dos últimos sete dias e dividindo-se o resultado por sete. Essa curva estuda os possíveis dias de pico no número de casos confirmados. Como os dados são atualizados diariamente, os números podem sofrer alterações ao longo da semana, em função da atualização diária dos casos confirmados e da demora em abastecer o sistema com os casos notificados

DIFICULDADES
Além disso, duas particularidades devem ser levadas em conta na análise do comportamento da média móvel nos últimos dias em Santa Maria. De acordo com Lobato, um equipamento do Laboratório de Diagnóstico Molecular da Universidade Franciscana (UFN) estragou e, com isso, os exames moleculares do tipo RT-PCR estão sendo processados pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Antes, os resultados do exame que demorava no máximo três dias para ficar pronto, tem demorado quatro ou cinco dias.  

- É justificável, pela demanda que se tem. Mas isso acaba por nos dificultar na hora de atualizar os casos. Os dados desta semana são atualizados na semana seguinte. Os dados que a gente publica no portal são do dia em que a gente consegue colocar a informação do sistema. E isso tem uma diferença, porque a dinâmica da informação tem um atraso. E esse atraso acaba por dar uma falsa impressão de que temos menos casos naquela determinada semana - ressalta o epidemiologista.

Outro fator que pode ter influenciado é o afastamento de alguns trabalhadores do Centro de Referência por contaminação por Covid-19 - problema que já foi resolvido com a substituição dos profissionais.

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Fonte: Observatório de Informações em Saúde da UFSM /
Para saber se os números da doença estão aumentando, diminuindo ou em situação estável, é preciso fazer mais um cálculo, o da variação. Geralmente, o novo coronavírus fica no corpo do paciente por duas semanas (tempo de incubação), por isso, para calcular a variação, é recomendado comparar a média móvel do dia com a média móvel de 14 dias atrás. Variações de até 15%, para mais ou para menos, caracterizam estabilidade da doença. Se a variação for menor que esse percentual, a transmissão está em queda. Se for acima, a cidade está em um momento crescente da pandemia. No caso de Santa Maria, a variação indica que há uma queda dos casos diários, pois o número de quinta-feira, de média diária de 13 novos casos, é 51,86% menor ao apresentado em 23 de julho, quando a média era de 27 casos

CAUTELA

O estatístico do Observatório da UFSM, professor Luis Felipe Dias Lopes, é responsável por fazer as análises dos dados e gráficos divulgados na plataforma da instituição. A tendência, segundo ele, e com base em cálculos de projeção, é que os casos sigam em crescimento.

- Se analisarmos o acumulado, estamos quase encostando no limite superior de crescimento, então eu diria que o número de casos está subindo. Acho que não estamos estabilizando. Não basta olhar a curva 'dançando', porque ela está apontando para baixo, mas os dados dos últimos sete dias ainda não estão sendo computados no sistema, em função desses problemas - comenta.

A grande dificuldade, segundo o professor, tem sido a coleta e inserção desses dados, e um relatório fidedigno. Como exemplo, ele cita que a média móvel da última quinta-feira, que estava em 13, foi influenciada pelo fato de que, não foi inclusa nenhuma notificação de caso confirmado naquele dia (6 de agosto).

- Temos que ter muita cautela, pois os casos estão aumentando. Só não estão mais ainda, por causa dessas intercorrências. As pessoas se iludem, que esses são números reais, mas é um recorte que tenta se aproximar da realidade. A média das médias, que é a média móvel de casos dos últimos 30 dias, passou de 19, na quarta-feira, para 20, na quinta. Então, supõe-se que os casos estão subindo - analisa.

Fonte: Observatório de Informações em Saúde da UFSM /
No gráfico acima, a linha azul simula o crescimento exponencial dos casos em Santa Maria, que no início da pandemia foi tido como sendo a forma do avanço da contaminação sem que a população estivesse em confinamento. Atualmente, a infecção em Santa Maria avança em um crescimento linear. A linha vermelha faz a projeção do número de casos para o máximo de duas semanas, mas pode ser corrigida a qualquer momento, em função da evolução no número de casos. A expressão ?R2? é o coeficiente de explicação da curva linear, que mostra o grau de confiabilidade do cálculo e da tendência linear. Nesse caso, a projeção tem 97,59% de confiabilidade e os pontilhados representam a margem de confiança, no caso de 95%

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